Classificação de Mercadorias e o Projeto de Sistemas de Sprinklers
POR MATT KLAUS (Artigo publicado no NFPA Journal, em 1o de março de 2018).
Ao longo da edição de 2016 da NFPA 13, Instalação de Sistemas de Sprinklers, o comitê técnico para sistemas de sprinklers realizou uma revisão de “cima a baixo” nas tabelas de classificação de mercadorias usadas normalmente,mas muito simplificadas, nas seções do anexo 5.
O motivo dessa revisão foi que muitas das classificações identificadas estavam desatualizadas, resultado de mudanças nas matérias-primas atuais usadas nos produtos e embalagens. Veja móveis de escritório, por exemplo – há 30 anos atrás, cadeiras e mesas eram feitas principalmente de madeira e metal, mas hoje muitos desses produtos são feitos de plástico e laminados.
Inicialmente, devemos considerar o uso habitual e excessivo dessas tabelas. Em algum momento, todos os itens listados passaram por um teste de classificação de mercadoria para ajudar a determinar o risco que eles apresentavam e, por fim, determinar os critérios mais apropriados para um sistema de sprinklers, necessários para proteção contra incêndio. Muitos arquitetos e engenheiros, quando recebem projetos de seus clientes, olham para os itens armazenados, vão diretamente para essas listas e escolhem o item mais próximo que podem encontrar na tabela. Isso é perigoso porque até mesmo a menor diferença nas matérias-primas usadas em uma mercadoria, a disposição e/ou o material das embalagens, pode causar uma mudança na forma de classificação dessa mercadoria, com base em testes.
Por essa razão, é imperativo que a atribuição de uma classe de mercadoria não se baseie apenas em uma análise comparativa com essa tabela, mas em vários fatores:
– na análise dos materiais armazenados,
– na revisão dos dados de teste de mercadoria específicos do produto (se disponível),
– na revisão de dados recentes e relevantes de testes de mercadorias,
– uma revisão da composição de mercadorias por peso e volume,
– uma revisão das tabelas do anexo.
Simplesmente dizer que uma mercadoria é semelhante a um item listado no anexo não é adequado e pode levar a um sistema de sprinklers subdimensionado.
Junte a importância da designação na classificação de mercadorias com as alterações mencionadas acima, quanto à seleção de embalagens e materiais, e a revisão dessas tabelas de anexos foi garantida.
Essa revisão resultou em dezenas de mudanças na classificação de mercadorias para os itens listados nessas tabelas. Para a maior parte dessas mudanças, as mercadorias originalmente consideradas Classe III (ou grupo C) ou Classe IV (ou grupo B) foram impactadas em sua classificação original para plásticos Classe IV ou Grupo A. Isso indica a necessidade de um sistema maior de sprinklers para controlar esses incêndios.
Para projetistas e engenheiros que determinam quais materiais estarão presentes nas edificações, uma revisão cuidadosa dessas mudanças é um primeiro e importante passo. Mesmo que um projeto seja regido por uma edição mais antiga da NFPA 13, os projetistas estariam fazendo um desserviço aos clientes, do ponto de vista do risco, não considerando a última edição da Norma. Analisar os materiais comuns encontrados nos produtos de seus clientes para determinar se estes tiveram alteração de classe de mercadoria ajudará a determinar se serão necessárias mudanças no projeto daqui para frente. Considerando que elas não estão no corpo da Norma e porque o NFPA 13 não está configurada para exigir que os sistemas sejam atualizados para o padrão mais recente, não há problema de retroatividade com essas alterações.
Dito isto, várias Seguradoras expressaram preocupação com a existência de edificações, usadas para armazenar / distribuir mercadorias, que deveriam sofrer mudança na classe de mercadoria nessas tabelas. Considere um depósito que armazene produtos feitos principalmente de fluoreto de polivinila (PVF). O sistema de segurança para este armazém foi projetado para a edição de 2010 da NFPA 13 para proteger mercadorias Classe III, que era a classe de mercadoria atribuída para PVF, no Anexo A, naquela época. Em 2016, o PVF foi reclassificado para um plástico do Grupo A. Enquanto o prédio e seu sistema de sprinklers ainda estão em conformidade com a NFPA 13, já que não requer atualização, existe, ao mesmo tempo, um armazenamento de produtos que reage em um evento de incêndio de forma diferente a prevista originalmente, e o sistema de sprinklers pode não ter capacidade para lidar com um incêndio envolvendo esses produtos. Como não há ordem para atualizar os sistemas nessas situações, uma revisão precisaria ser decidida pelos proprietários e pelos representantes do seguro, caso a caso.
A escolha da classificação de mercadorias é uma parte crítica do projeto. Entender como as mudanças recentes nas tabelas de classificação afetam sua empresa e seus clientes podem ter um enorme impacto no risco que está sendo assumido.
MATT KLAUS é responsável por serviços técnicos para engenharia de proteção contra incêndio da NFPA. Foto: AP Wide World